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 [I.A.] Hagiografia de Santa Dwywai, a Extática (PT)

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Vitor Pio
Visconde de Santo Tirso
Vitor Pio


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MensagemAssunto: [I.A.] Hagiografia de Santa Dwywai, a Extática (PT)   [I.A.] Hagiografia de Santa Dwywai, a Extática (PT) EmptyQua maio 25, 2011 3:09 am

Citação :

    Em 1455, dois monges de Launceston - enquanto reviravam documentos do arquivo eclesial - descobriram relatos históricos de uma mulher notável de sua cidade natal. Trabalhando juntos, eles reescreveram sua história a partir dos pedaços de pergaminho.


A Vida de Dwywai, a Extática

    Padroeira: acrobatas, alcólatras, epilépticos, carrascos, coveiros, leprosos, bibliotecários, doentes mentais, camponeses, pessoas possuídas, piromaníacos, combustão humana espontânea, bêbados da cidade, os idiotas da povoação.


INTRODUÇÃO

    Hoje toda a humanidade se une ao celebrar a triunfante conquistadora na assembléia dos ministros de Jah; este regozijo significa que Dwywai será eternamente lembrada, uma bendita e santa mulher que resgatou tantos tonéis de cerveja da deterioração. Vamos tecer, por assim dizer, uma guirlanda de palavras sobre a sua fronte sagrada e cumprimentá-la com o devido hidromel de louvor no aniversário da sua morte feliz no paraíso dos anjos.



SUA HAGIOGRAFIA

A Infância de Dwywai


    Dwywai nasceu em Launceston, Condado de Cornwall, Inglaterra. Seu pai, Urien, um açougueiro local, era muito conhecido por suas explosões de ira ocasionais. Sua mãe, Nyfein, possuidora de uma beleza inigualável em todo o condado, tinha longos cabelos cor de cereais maltados. Um odor salgado de lúpulo florescentes flutuava em seus lábios, que eram tão roliços e vermelhos tais como cigarrinhas que devastam as vinhas. Dwywai adorava Nyfein e muitas vezes segiu-lhe a "sombra" durante o processo de fermentação caseiro, puxando sua longa trança sempre que tinha dúvidas. Nyfein aconselhava os seus amigos e vizinhos que deviam beber cerveja em vez de água para serem agraciados com o "dom da saúde", conselho este que Dwywai ecoaria em sua juventude.

    Quando Dwywai tinha apenas nove anos de idade, seus pais trocaram duras palavras na sua oficina, e seu pai foi visto espancando a esposa com carcaças de carne. Urien foi ouvido por vários moradores ameaçando decapitar a esposa com um cutelo. Nyfein fugiu para o nevoeiro de Bodmin Moor e, como ela nunca mais foi vista, muitos temiam que ela fora comida pelo fantasma da Besta de Bodmin. Rumores persistem que o açougueiro seguiu a mulher até a névoa e cumpriu suas ameaças.

    Afligida pela perda da mãe, Dwywai tornou-se cada vez mais propensa a ataques violentos e até a levitação involuntária. Ela subia em árvores durante tempestades de granizo, lançava-se em fornos flamejantes, escalava as torres de igreja com raios e faíscas elétricas (quando ela não levitava) na tentativa dramática de escapar do escândalo de seu pai, que ela podia sentir o cheiro* em sua pessoa. Quando Urien já não podia suportar a presença da filha, ele mandou-a embora para viver no convento de Tarrant-Kaines em Dorset.



Irmã Dwywai e os Milagres em Tarrant-Kaines

    Dwywai adaptou-se bem à vida em Tarrant-Kaines. Ela se retirou para o reconfortante aroma da cervejaria, aperfeiçoando o ofício que ela havia aprendido com a mãe. Durante sua estada na Abadia, o sabor e a qualidade da cerveja diz-se ter melhorado drasticamente, como se os tonéis houveram sido abençoados pelo próprio Jah. Os fiéis viajavam para a Abadia vindos de todo o Condado de Dorset para provar a bebida milagrosa, e a Abadia foi capaz de sustentar-se através da fabricação de cerveja. Os fabricantes de cerveja de toda a Inglaterra passaram a recitar a oração Dwywai, esperando produzir os mesmos resultados:

      Abençoa, ó Jah, esta cerveja, que deste o prazer de trazer entre a doçura do grão: que poderia ser um remédio para salutar para a raça humana, e concede, pela invocação do Vosso santo nome, que, quem bebê-la poss obter a saúde do corpo e uma certeza de segurança para a alma. Através de Christos. Amén.


    Algumas das freiras acreditavam que a cerveja devia ser reservada para as vendas aos leigos aristotélicos, pois acreditava-se ser muito especial para fazer parte de suas vidas cotidianas; e portanto tomavam goles de água para saciar sua sede. Dwywai alegou que podia sentir o cheiro da mácula do pecado na água potável da Abadia e exortou as irmãs a beber cerveja apenas, mas seus apelos não as convenceu. Certa manhã, enquanto entregava as ataduras na enfermaria, Dwywai observou que as irmãs adoentas eram justamente aquelas que bebiam apenas água. Ela implorou à Apotecária para servir cerveja a elas e, atentido o pedido, as irmãs voltaram para a boa saúde quase que istantaneamente. Na época, este evento foi considerado um milagre, mas os estudiosos da ciência moderna constataram que Dwywai salvou inúmeras vidas de males como a peste negra, incentivando-os a beber somente água filtrada e aquecida durante o processo de fabricação de cerveja.

    Ela rapidamente aprendeu a ler e gastou muito de seu tempo no Scriptorium absorvendo os poucos escritos que a Abadia tinha em sua coleção. Uma das irmãs mais velhas lhe ensinou a escrever, e ela logo aprendeu a copiar o script elegante usado nos documentos oficiais. Nos espaços não utilizados do pergaminho, ela desenhou representações grotescas de Christos, Aristóteles e dos santos com tintas coloridas que ela fez a partir de plantas e argila da terra. O bibliotecário-chefe incentivou seus esforços, e Dwywai acabou sendo convidada para ilustrar o manuscrito que era utilizado no altar.

    Abrigada no interior da Abadia, o espírito de Dwywai e seus nervos estavam em paz, e ela se sentiu tão pura e esperançosa como dantes do desaparecimento da mãe. Ela tornou-se uma bela mulher cuja bondade parecia irradiar. Quando trabalhava nos campos de lúpulo, cantava baixinho para si mesma, e peregrinos e viajantes paravam para olhá-la. As notícias sobre sua beleza extraordinária e de suas habilidades na cervejaria logo se espalharam.



O Martírio de Dwywai

    De volta à Cornwall, Urien percorreu todo o condado atrás de uma substituta adequada e igualmente linda como sua Nyfein. Em Exeter, ele ouviu histórias sobre sua linda filha e sabia que ela tinha adquirido o rosto da mãe. Enlouquecido por seus desejos, fez a viagem para Tarrant-Kaines carregando seu temido cortador de carne, para que a filha há muito perdida não resistisse aos seus avanços.

    Dwywai estava a semear lúpulo no campo quando viu-o se aproximar. No mesmo instante, ela correu rumo ao porão frio e escondeu-se ali, no meio dos barris em processo de fermentação. Quando Urien chegou ao convento, a abadessa o encontrou na porta e lhe negou a entrada, embora ela se comprometesse a encontrar Dwywai e levá-la para fora da Abadia para que se encontrasse com ele. Uma busca exaustiva foi realizada, e demorou-se várias horas para encontrar a irmã escondida. Dwywai explicou seus temores para a Abadessa, que concordou em ajudá-la a escapar. Embora ela geralmente resistisse aos banhos por receio da água impura, Dwywai estava disposta a submergir-se em um tonel de cerveja. Dwywai foi levada para fora do porão no interior do tonel, que foi então carregado na carroça de um peregrino cujo destino era Dorchester.

    Em Dorchester, o tonel foi aberto, e Dwywai foi descoberta. O até então piedoso peregrino estava sobrecarregado com a luxúria da visão de Dwywai encharcada, e agarrou-a pecaminosamente. Imediatamente, ela foi cometida pelo êxtase religioso tão intenso como a catalepsia, e testemunhas acreditam que ela morreu. Durante seu funeral, de repente ela recuperou-se e levitou para o telhado da igreja. O padre ordenou que ela descesse, e ela obedeceu, pousando sobre o altar.

    Ela morou em Dorchester para o resto de sua vida. Agora, exilada da presença calmante da Abadia, os horrores de sua infância reapareceram. O fedor do pecado sobre seus vizinhos eram tão perturbadores que ela passou a dormir em rochas, a levitar, a passar longos períodos de tempo em túmulos, ou ainda cercar-se pelas chamas para escapar delas. Milagrosamente, nenhum desses atos prejudicaram-na. Ela incentivou os camponeses a fim de evitar água para beberem e tomarem banho só com cerveja. Acreditando que Dwywai era um presente curioso de Jah, eles aceitaram seus pronunciamentos mais rapidamente do que as irmãs da Abadia. Todos os parvos da povoação tornaram-se alcólatras com exceção de dois idiotas que insistiam em tomar banho em água fervente. Diz-se que Dwywai transformou a água do banho dos mais pobres e desfavorecidos em cerveja apenas com seu toque. Assim, os camponeses foram poupados da exposição aos agentes patogénicos e das impurezas da água.

    Os nobres nunca poderiam aceitar suas convulsões extáticas e eram especialmente incomodados com seus actos de automutilação. Quando Dwywai prendeu-se a uma roda de moinho a ser arrastado, e aparentemente não se machucou, eles alegaram que ela estava "repleta de demônios." O carrasco foi convocado para derrotar seus episódios epilépticos, e ela foi queimada viva numa grelha. Mesmo quando ele lançou cobras e escorpiões para o flambé humano, ela "estava ali porque tinha ficado em água fria, agradecendo e amando Jah", em seguida, gritou: "Já estou assada de um lado e, se queres que eu fique bem-cozida, é hora de me virar." Credita-se a ela o hábito de alguns eruditos do caminho da igreja de flagelar-se, no qual os monges batiam nas próprias costas para livrar seu corpo de infestações demoníacas.



As relíquias de Dwywai

    Uma noite, enquanto rola em torno de um barril de cerveja nail-spiked, Irmã Dwywai explodiu - registrando o primeiro caso de combustão humana espontânea. Por muitos séculos, os caçadores de relíquias reclamaram suas pernas em chamas e buscaram mais doze baús de tesouro que a cabeça de São Dymphna, devido ao seu hábito curioso de flutuar acima do altar. A igreja paroquial de Santo Hasselhoff em Launceston inclui no seu cofre do antebraço direito de Dwywai ("o braço com que ela mexeu o tonel"), como entre suas relíquias mais valorizadas.



Tradução para o português pelo Diácono Vitor Pio de Monforte e Monte Cristo.

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